segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Projeto Peixes ( pedagogia vivencionista )

Modelo de Projeto realizado pela professora de Ed. infantil Juliana Leite.

Para mim, esse foi um dos projetos vivencionis­tas mais marcantes da turma. As crianças escolheram, por meio de votação, estudar “peixes”, algo que chamou muito a atenção principalmente pela unanimidade da turma. A justificativa dos alunos para a escolha foi que eles con­sideram esse animal um dos mais legais, o que os deixou curiosos para pesquisar e descobrir mais.

Uma vez definido o tema, começamos a trabalhar na execução do mapa do projeto. Lançamos juntos várias questões e hipóteses, sempre a partir da percepção das próprias crianças. A curiosidade que tinham pelos peixes ficou clara através das colocações que eles faziam e em cada nova dúvida ou pesquisa que propunham nessa eta­pa do projeto.

Em seguida, foram oferecidos ao grupo materiais dos mais diversos. Dentre todos, os mais utilizados foram revistas técnicas/específicas sobre pesca e livros que tratam de animais e conhecimentos gerais.

Ao mesmo tempo, com a ajuda dos pais, as cri­anças buscaram e trouxeram para a escola várias infor­mações sobre particularidades da vida, dos hábitos e do aspecto físico dos peixes, tais como habitat, alimentação, revestimento do corpo, etc.



Uma das perguntas do mapa que mais as intriga­va dizia respeito ao corpo dos peixes. Como as crianças nessa idade ainda necessitam e se interessam muito pelo concreto, nada mais interessante para resolvê-la do que ter um peixe de verdade em sala de aula. Foi isso o que aconteceu: trouxemos um peixe direto da feira para a es­cola e, com ele ao alcance de suas mãos, as crianças puderam observá-lo, tocá-lo e analisá-lo.

Desse experimento, elas tiraram várias informa­ções: ao perceberem a textura do peixe, descobriram que aquilo se tratava de escamas e puderam observar que era diferente de outros animais, que tinham pelos ou penas. Além disso, as crianças queriam saber como os peixes respiram debaixo d’água e viram que, ao invés de nariz, eles usam as guelras.

A cada dia e a cada etapa cumprida, a turma demonstrava mais empenho. Era muito divertido, contagiante e gratificante vê-los trabalhando em equipe na sala de aula e buscando ajuda de parentes e amigos pa-ra que nossas metas fossem cumpridas da melhor forma possível.



Um dos pontos altos deste projeto foi a escolha da sua atividade de conclusão: a compra de um aquário para que fosse possível criar um peixinho de verdade, e mantê-lo como mascote da turma.



À medida que essa decisão tomava corpo, tivemos muitas conversas e utilizamos vários outros processos de votação para que, em democracia, pudéssemos decidir cada questão a respeito da conclusão, como a cor, a raça, o sexo e o tamanho do peixe, entre outras.

A turma optou por um peixe vermelho. Assim, uma das atividades de pesquisa preliminares nessa fase foi a de descobrir quais os peixes dessa cor que existem em água doce. O tamanho também seria um fator importante a ser observado, já que o peixe eleito teria de caber em um aquário de dimensões aceitáveis para os espaço disponível na escola. Aqui, aprofundamos nosso estudo em matemática para calcular quais medidas de aquário se­riam aceitáveis para o espaço que tínhamos disponível.



Principalmente para responder a essas dúvidas e para escolherem o peixe adequado, as crianças resolveram fazer uma visita à loja de animais. Para isso, foi necessário pedir autorização e o dinheiro necessário para o transporte para os pais. O uso da linguagem escrita foi trabalhado com elas enquanto criavam o bilhete com o pedido de au­torização e a comunicação oral foi desenvolvida quando os alunos precisaram entrar em contato com o motorista que os levaria até a loja.



Lá, os alunos conversaram com um responsável, que os indicou qual peixe poderiam adquirir que fosse vermelho e macho, características que eles já haviam de­cidido em votação. Os alunos puderam também relacionar os itens que teriam que comprar e seus preços. Assim, pudemos calcular o valor que seria necessário para a compra. Através dessa atividade, trabalhamos a matemática e a linguagem quando relacionamos em uma lista o nome dos materiais, seus preços e calculamos o valor total.



De volta à escola, interações entre os alunos em classe foram marcantes, baseadas essencialmente em discussões sobre como conseguir o valor necessário para a compra do aquário e do peixinho-mascote.



Quanto a isso, os alunos encontraram na culinária a solução do seu problema e, conforme sugerido por uma das crianças da turma, eles decidiram fazer gelatina para vender.



Primeiro, fizemos um teste para ver quantas por­ções conseguiríamos fazer com uma receita de gelatina para calcularmos quantas teríamos que vender. Para isso, fizemos uso da matemática concreta: usando pequenos materiais que representassem os preços que descobrimos em nossa visita, calculamos quantas gelatinas deveríamos vender pelo valor de 1,00 real.



Depois, as crianças organizaram a venda. Essa atividade deixou a turma toda, inclusive a professora e fun­cionários da escola, muito empolgados devido à grande satisfação de ver o sucesso do empreendimento das cri­anças: os pais pediram mais gelatinas e eles tiveram que organizar um segundo dia de vendas, o que os rendeu o dobro do valor que eles precisavam.

Devido ao maior valor que conseguimos, pudemos comprar dois peixinhos de cores diferentes – e não apenas um –, um aquário maior e todos os itens pesquisados que seriam necessários para a manutenção desses animais.



Chegava então o momento de montar o aquário. O empenho e a animação dos alunos durante os prepara­tivos e a montagem mais do que surpreendeu: emocionou a todos. Particularmente, confesso que foi uma das ativi­dades mais gostosas, com resultado mais recompensador que experimentei até então. O brilho no olhar das crianças não deixava esconder o encantamento com as atividades.

Enquanto professora, acompanhei com grande prazer a evolução daquelas crianças, tão pequenas no ta­manho, mas ao mesmo tempo tão desenvolvidas e, por muitos momentos, tão maduras para a idade!

Até as crianças mais tímidas desenvolveram-se muito na arte de se comunicar, através da necessidade do uso de telefone, carta, email e até por fax durante os momentos em que precisamos pesquisar sobre os peixes, sobre os preços e materiais necessários, além dos pedi­dos de autorização para os pais e diretoria da escola.



Vale salientar aqui a inestimável colaboração de todos os pais. A intensa participação deles, com ações concretas e principalmente pelo apoio que deram a seus filhos, foi de extrema importância para o excelente resul­tado alcançado.



Por meio deste projeto, pudemos experimentar de maneira bastante clara os ideais da ideologia vivencionista: não se ater apenas à formação imediata e ao desen­volvimento de atividades puramente acadêmicas, mas de trabalhar para também impactar, direta ou indiretamente, na preparação dessas crianças para uma atuação mais sustentada no futuro.



Valores importantes puderam ser evidenciados nessas atividades, como o autoconhecimento da turma enquanto equipe, e de cada aluno como membro de um grupo, desenvolvendo um forte senso de colaboração e de trabalho em equipe que será fundamental para o seu futuro profissional.

De forma objetiva, a classe experimentou conhecimentos complementares importantes, dentre eles a reflexão sobre os diversos estilos de comunicação, afinal tinham objetivos muito claros a atingir, fosse na venda de suas gelatinas, fosse na pesquisa de preços e materiais. Desenvolveram também o exercício e a compreensão das diferentes formas de liderança e das responsabilidades de se tomar decisões em grupo, aprendendo a respeitar a di­versidade de opiniões e as diferenças. As crianças mani­festaram uma grande maturidade ao conseguir decidir em grupo questões como a escolha do peixe.

Particularmente, fiquei bastante satisfeita com os objetivos que a turma alcançou com esse projeto, pelo as­pecto da formação escolar e também sob a ótica do de­senvolvimento de competências pessoais e interpessoais de comunicação, pela dinamização do grupo/classe e pela intervenção criativa e inovadora de cada um dos alunos.




Juliana Leite





Professora de educação infantil





O professor vivencionista



4 comentários:

  1. Que projeto inspirador! Nota-se a inteireza com que cada criança mergulhou e atuou ativa e construtivamente nessa nova experiencia.. parabens a você e a todos que participaram. Amei !

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  2. Parabéns, acredito muito nesta prática, principalmente na educação infantil, pois as crianças necessitam dessas vivências para a vida diária e não somente atividades de preencher, pintar que serão repetidas em vários momentos no enino fundamental!!Muito, muito bom!!!

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  3. Parabéns pelo seu projeto, muito bom mesmo! Nossas crianças apreendem de verdade quando sai a campo, vivenciam a natureza e nunca mais esquecem!

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  4. Parabéns, muito bom seu projeto! Nossas crianças aprendem muito quando saem a campo vivenciar a natureza e os animais.

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Grata.